sexta-feira, 2 de maio de 2008

De Descartes ao descarte, e além.

René Descartes é considerado por muitos o primeiro pensador moderno. Ele viveu a maior parte da vida no século 17, ainda numa sociedade feudal, seu pensamento revolucionário para a época influenciou quase todos os pensadores que o seguiram. É dele a frase “Cogito, ergo sum”; Penso, logo existo.Seu método cartesiano consistia em duvidar de tudo que fosse possível duvidar, ele acreditava que tudo deveria ser provado, com Descartes inaugurou-se o racionalismo. Alguns anos após sua morte outro grande pensador surgiu, Sir Isaac Newton, precussor do iluminismo, conseguiu unificar em suas leis tudo que se conhecia no seu tempo. Newton foi respeitado como nenhum outro cientista, com ele estava aberto o caminho para a era moderna.

Com a chegada da modernidade as relações humanas mudaram radicalmente, aconteceu a separação entre casa e trabalho, que Adam Smith considerava a mais importante das modernas divisões de trabalho. O trabalhador passou a trocar sua força de trabalho por um salário e a cada dia mecanização passa a ter maior importância, afinal citando Richard Sennet,“homens baratos, precisam de gabaritos caros”. Como Eric Hobsbawm demonstra em seu livro, A Era da Revolução, a revolução industrial trouxe uma nova realidade, onde a produção industrial tem números tão grandes e o custo do produto é tão baixo que acaba gerando a sua própria demanda. Neste cenário, para atender as necessidades da sociedade que se formava com a revolução industrial, começa a surgir o design industrial como conhecemos nos dias atuais.

Com a crescente industrialização, o design passou a ter cada vez mais espaço e graças ao consumo desenfreado necessário para manter o ciclo de “destruição criativa” do capitalismo, o homem começou a usar os recursos naturais de maneira nunca antes imaginada. O ciclo de vida dos produtos industriais normalmente era visto começando em um necessidade e passando por concepção, planejamento, projeto, manufatura, distribuição, venda, uso e descarte. Se juntarmos um produção de artefatos gigantesca, a um consumo da mesma envergadura, logicamente se chega a uma quantidade de descarte também da mesma ordem. Em nosso tempo,“Consumo, logo existo” poderia substituir a frase de René Descartes com tranquilidade.

Ao longo dos anos vários pensadores do design alertaram para esse lado da revolução industrial. Ruskin e Morris, já no século 19 falavam das péssimas condições de trabalho e da má qualidade do produto industrializado e das qualidades do artesão tanto como de seus produtos. Porém só no final anos 1960 houve realmente um crescimento da discussão sobre esses temas, podemos citar Vitor Papanek como um dos pioneiros a levantar a voz sobre um design para solucinar os problemas reais, voltado não para o mercado e sim para o indivíduo. Neste mesmo momento, Gui Bonsiepe desenvolve ações e propostas para um design para as necessidades dos países em desenvolvimento. Essa seria a base do pensamento hoje comumente chamado de design social, o design com abordagem economicamente e socialmente viável, com a tecnologia adequada e voltada ao mercado local.

Outra vertente, também surgida nos anos 1960 mas que atingiu mais relevância nos anos 1970, principalmente com a crise do petróleo e uma maior conscientização ambiental dos consumidores, é o ecodesign, esse muito mais preocupado com impacto ambiental e o esgotamento dos recursos naturais. Surge a necessidade do designer projetar pensando no impacto ambiental e social de seu trabalho e se responsabilizar por eles. O designer pode fazer design ecológico com viabilidade econômica e sendo ecologicamente correto, desenhando ou redesenhando produtos com vantangens ambientais, atuando em todas as fases do ciclo de vida dele com enfase na reciclagem, reutilização e o pós-uso. Além disso pode também pensar em economia de energia e de recursos renováveis entre outros.

Recentemente outro processo tem ganho força, baseado na idéia de conseguir unir a viabilidade econômica, com o socialmente e ecologicamente benéfico, esse processo se chama design sustentável. O design sustentável propõe garantir o equilíbrio ambiental para as gerações futuras. É um processo mais amplo e abrangente e necessita de progressos tanto no campo tecnologico como no cultural, segundo Manzini, para alcançar a sustenbilidade a sociedade precisa consumir menos e produzir menos o que acarreta mudanças em todas as áreas, passando pela politica e economia . Para sua implementação é necessário um designer preparada para interagir com outras disciplinas e com a comunidade.Com isso se nota com é importante a introdução de soluções desde da fase inicial de concepção do produto e ter uma metodologia bem estruturada para se poder avaliar a qualidade social, ambiental e econômica de um produto.

É importante lembrar que o design sustentável não é excludente em relação ao design social e ao design ecológico, na verdade todos são enfoques importantes, em constante evolução e podem, em alguns casos, até fazer parte de um mesmo projeto. Porém, citando Ullmann, sem dúvida uma das grandes contribuções do Design Sustentável é a incorporação dos aspectos sociais para a inclusão da mão de obra de comunidades locais, sem destruir a cultura local.

Encontro das turmas de Mestrado da Esdi

Tomei a liberdade de piratear algumas imagens do encontro das turmas do mestrado a ESDI. A vítima foi o blog do "veterano" mestrando Wallace Viana ( http://blog.wallace.vianna.nom.br ) e além daquele que vos escreve estavam presentes meus colegas de turma, veteranos de outras turmas de mestrado, alunos e ex-alunos da ESDI, além da participação especial do Mestre André Monat e da Iron Woman Super-Fátima.